quinta-feira, 5 de abril de 2012

Paradoxo do perfeccionismo

Thais Wadhy

Num esforço constante
vou tentando te agradar,
vou buscando te mostrar
que minha existência tem rumo
e que nesse mundo estou
pra fazer você feliz,
pra ser sua cara-metade, a metade da laranja
pra te amar e pedir bis. 

Mas, assim, não sou mais eu,
sou retalhos, sou pedaços,
sou mais nós e menos laços,
quebra-cabeça montado,
tentando ser paisagem.

Pra quem tem um pouco de tudo,
falta muito do essencial,
falta algo especial,
ainda que seja algo simples,
como fruta no pé, banho de chuva, 
beijo molhado, ou você.

E o pior da história,
não é que vivo frustrada, 
não é que vivo triste, não é que vivo cansada.
O pior de tudo, de viver nessa ilusão,
de buscar ser o que esperas, 
de buscar a perfeição;
É que, não satisfeita,
querendo também ser feliz,
querendo também ser suprida, querendo regar minha raiz,
te coloco no ciclo da minha louca insensatez,
crio expectativas enormes e espero minha vez
de poder exigir que também faça o que quero,
que também sinta o que sinto, que ofereça o que espero....

E assim, nesse paradoxo do perfeccionismo,
vou tocando a vida, sem plenamente viver.
E tentando ser mais, vou sendo menos de mim. 
E tentando ter mais, vou tendo menos você.
E a cada dia, somos menos nós dois.

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