segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Assim seja


"Que a coragem e a sabedoria acordem e andem juntas de mim para que mais um dia possa ser vivido, para que os obstáculos sejam vencidos, e se preciso for para que esse novo dia me renove por inteiro e que seja pra melhor a cada nascer do sol". Espírito Livre, via FB.


domingo, 11 de novembro de 2012

Tudo passa, tudo sempre passará.



Passei uma tarde de nostalgia nessa sábado, revendo fotos de momentos importantes, que marcaram a minha vida. E as fotos me fizeram recordar um outro tanto de momentos e emoções não registrados.

Não vivo no passado, mas relembrá-lo e revivê-lo de vez em quando é uma forma eficaz de deixar claro pra mim mesma que TUDO PASSA. Alegrias, tristezas, crises, realizações.... tudo é momentâneo e pequeno quando colocado sob a perspectiva do tempo e do universo.

Em fases de crise e de mudanças, como agora, é importante ter isso em mente. Os obstáculos se tornam menores, e as ilusões também. Aí, delicadamente coloco os pés no chão, ainda que a cabeça esteja voando por aí. Percebo a importância de, de quando em vez, mudar a perspectiva da vida, dos problemas, dos momentos. "A vida vem em ondas, como o mar.... num 'indo e vindo' infinito".

Mais do que nunca, tenho sentido a necessidade de me espiritualizar. Agnóstica que sou, não estou falando do culto a um deus ou de conduta religiosa, mas sim de transceder o aqui e agora ou o meu próprio umbigo e me perceber como uma pequena parte de um todo, que é o universo, a natureza, o "divino".... e, então, agradecer por estar aqui, por estar viva e por ter força, saúde, perspicácia e inteligência para conduzir a vida e minhas decisões. Agradecer pelas conquistas, pelo aprendizado, por tudo que passou e que me fez ser quem eu sou hoje, mulher forte e inteira.

Vivo, aqui e agora, sorrindo pro passado e pro futuro... com a certeza de que a vida não é fácil, mas é uma delícia.



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Conto: Descobrindo-se parte III

 Por: Thais Wadhy



Ao chegar no cinema, Laura escolheu um filme que parecia interessante; nada muito denso, só tinha uma reflexão interessante sobre o relacionamentos interpessoais e a relação entre sexo, amor, amizade e cumplicidade entre as pessoas. Sentia como se algo a tivesse guiado para esse filme, porque precisava mesmo refletir sobre a vida e sobre as pessoas e suas relações. Comprou uma água e entrou para a sala.

O cinema estava vazio, tinha no máximo umas quinze pessoas espalhadas pela sala. Sentou-se na penúltima fileira, de onde podia ver perfeitamente a tela. Escolheu um lugar mais distante e escondido, para ficar bem à vontade. Ninguém ao seu lado ou ao redor. Reparou na decoração clássica do local, com grandes cortinas de veludo vermelho pendendo do teto, iluminação retrô. As cadeiras eram revestidas de madeira e acolchoadas, num tom bordô, confortáveis, com braços no mesmo estilo, esses braços que podem ser levantados caso queira se aproximar da pessoa ao lado ou ocupar dois assentos. Aconchegou-se em uma poltrona para esperar o início do filme, que iniciaria dentro de 15 minutos.

Enquanto assistia as propagandas, reparou os casais presente no local, alguns se mostravam grudentos e pegajosos, outros pareciam alegres e companheiros e outros, simplesmente distantes. Pensou em como agiria com Léo se ele estivesse presente... e não conseguiu visualizar a cena. E preferiu não forçar a barra: havia saído sozinha para se distrair e não para fritar em questões tão abstratas. Percebeu que também havia uma senhora sozinha na mesma fileira que ela, mas no canto superior oposto. E então, nesse momento, viu entrar na sala ainda iluminada uma mulher de trinta e poucos anos, bonita e estilosa. Parecia feliz e segura, isso sim. Estava tão radiante! Seus cabelos, na altura dos ombros e desfiados, davam um ar leve ao seu rosto. O nariz era delicado, levemente arrebitado e os lábios carnudos. Ela subiu os degraus da sala com passos firmes e graciosos. Vestida uma calça jeans surrada e um pouco larga para seu corpo esguio. O casaco roxo e o cachecol colorido compunham o visual. Sentou-se duas fileiras à frente de Laura, três cadeiras à direita.  Laura imaginou se aquela balzacquiana também estaria na mesma condição que ela, em conflitos, ou se era tão independente a ponto de frequentar sozinha os cinemas e outros estabelecimentos, ainda que estivesse tudo bem nas tantas esferas da vida; será que era casada?  Solteira?

Um minuto depois, a mulher se levantou, ficou um pouco de lado e tirou o cachecol e o casaco. Os seios ficavam marcados por baixo da blusa em tom pastel que usava, sem soutien. Será que não sentia frio? Será que tinha vindo caminhando também, e agora sentia calor? Laura não conseguia tirar os olhos daquela figura exótica e atraente. Observou ela se sentar novamente, quase em câmera lenta.  E quando as luzes se apagaram ela levou um susto; olhou para os lados e se recompôs. Mais uma vez pensou: "estou viajando!".

Conto: sutilezas - parte I

Por: Thais Wadhy





O encontro havia sido marcado para o meio-dia. Era um encontro despretensioso e amigável depois de alguns meses de rusgas e atritos. Quando desligou o telefone, pensou em quanto tempo haviam perdido em discussões ou - pior - em silêncio. Percebeu o quanto tinha sido importante, então, a última conversa - clara e aberta, sem armaduras ou ataques. Sorriu por dentro.

Enquanto tomava banho, pensou no que diria ao encontrar alguém que tanto representava em sua vida.  O almoço poderia dar início a nova etapa, a um outro nível de convivência, mas não sabia como tudo poderia fluir. Absorta, lavou os cabelos longos, ensaboou delicadamente o corpo. Como gostava da sensação do sabonete na pele, deslizando pelas curvas, suave e perfumado! Sentia seu próprio toque enquanto imagens eróticas e abstratas vinham à sua cabeça, compondo situações e cenários imaginários. "Estou viajando!", concluiu.

Voltou a si, finalizou o banho e enxugou-se um pouco mais rápido do que fazia normalmente, demonstrando uma ponta de ansiedade que, até então, não havia percebido. Então, deu alguns passos até o espelho e olhou bem para si, admirando os próprios traços e até as imperfeições. Virou-se de perfil, encolheu a barriga, segurou os próprios seios, empinou a bunda. Depois segurou os cabelos, deixando cair alguns fios pelo rosto, e sorriu. Debruçou-se sobre a pia até chegar bem perto de seu próprio reflexo, encarou-se e então olhou pra dentro de si, pela íris, a vasculhar o que estaria causando aquela ponta de desconforto. Respirou fundo e pesado até embaçar o vidro. Recuou, pensativa. Não tinha certeza sobre o que sentia. Logo ela, tão convicta de suas verdades. Talvez estivesse começando a perceber que a razão nem sempre "tem razão".

No quarto, hidratou seu corpo vagarosamente, como sempre fazia, sentindo e acariciando cada parte do corpo: braços, costas, barriga.... pernas e coxas. Pensou no que usaria e escolheu, na cabeça, um vestido fresco, solto e feminino que gostava de usar nas ocasiões que queria se sentir bonita e confortável. Vestiu-se e, em seguida, maquiou-se levemente, ressaltando o olhar frágil e misterioso, que esconde segredos e até as próprias forças. Sentiu-se leve, finalmente. Todo o ritual de cuidar de si mesma fez bem para corpo, alma e coração. Estava certa de que aquele encontro só faria bem aos dois.


***

Contradições



E é quando tudo parece calmo que por dentro sou só tempestade. 
E é quando tudo parece sereno que os furacões desvastam meu coração.
E é quando tudo parece equilibrado que o peso do mundo esmaga minhas costas.
E é quando tudo parece claro as sombras escurecem meus pensamentos.
E é quando tudo parece razoável que perco o bom senso.
E quanto menos demonstro, mais preciso.