segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pensamentos soltos sobre mudanças

Por: Thais Wadhy
Num momento da vida em que almejo mudança, é preciso pensar no tipo de mudança que quero para a minha vida. Mudar por mudar não é suficiente para suprir necessidades, ainda que represente passos importantes no trilhar desse caminho, desse percurso rumo a uma revolução interna. 

Mas que mudança quero? Você poderia perguntar. Não sei. Sinto como se estivesse pairando no ar em busca de respostas para perguntas que nem sei quais são. Nos últimos tempos, o que faço é pensar, pensar e tentar buscar sentido para minha vida, para minhas escolhas. Muitas vezes, em vão. Tudo parece simplesmente não fazer sentido e eu já não sei mais o que fazer, então me deixo levar pela inércia, pela rotina. Coisas cotidianas que preenchem o tempo, mas não a alma. 

"Então, pare de pensar no futuro e viva o presente!", já me disseram. Se, por um lado, é importante pensar no presente e no que quero agora, uma vez que o futuro nada mais é que a consequência do hoje (como diria um querido amigo, em noites de longas conversas, "ele sempre existirá para buscarmos"), por outro, é impossível não projetar expectativas em relação ao que pode ser e pensar possíveis cenários. Como, afinal, me imagino daqui a alguns anos? Sem esse horizonte, fica difícil tomar decisões.

Bom, futuro ou presente, a verdade é que não consigo nem mesmo me enxergar nesse momento. Então, nas últimas duas semanas, aproveitei uma oportunidade para me afastar fiisicamente da minha realidade. E tenho sentido certo aconchego nesse novo lugar que, devido ao distanciamento físico da minha realidade (muitas vezes opressora), deixa meus pensamentos mais livres para divagar sobre coisas da vida. Essas ideias acabam sendo uma espécie de norte, ainda que não sejam um porto seguro. 

Apesar do sopro de brisa, estou precisando me encontrar para voltar a ter leveza na minha vida, para voltar a celebrar a existência e a enxergá-la com olhos brandos de quem é feliz por existir, ainda que vivencie momentos de alegria, tristeza, melancolia, felicidade, prazer, dor. Afinal, bons ou ruins, sentimentos e momentos são privilégios dos vivos. Pior seria não sentir nada, plagiando novamente meu querido amigo Carlos.

"Quanto mais sabemos o que somos e o que queremos, menos as coisas nos incomodam". E é justamente por isso que preciso desse encontro comigo mesma. Afinal, como escreveu Caio Fernando Abreu:  "você me pergunta: que que eu faço? Não faça, eu digo. Não faça nada, fazendo tudo, acordando todo dia, passando café, arrumando a cama, dando uma volta na quadra, ouvindo um som, alimentando a Pobre. Você tá ansioso e isso é muito pouco religioso. Pasme: acho que você é muito pouco religioso. Mesmo. Você deixou de queimar fumo e foi procurar Deus. Que é isso? Tá substituindo a maconha por Jesusinho? Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem...."

4 comentários:

  1. Fiquei pensando aqui.. Por que é que temos tanta dificuldade em mudar, né? E outra pergunta igualmente importante.. por que temos sempre a necessidade de mudar tudo? Às vezes o que a gente precisa não é mudar o quarto todo de lugar, é olhar de um jeito diferente pro quarto!
    Já fugi fisicamente das minhas questões inúmeras vezes, já fugi das pessoas... e consigo confirmar o que sempre me disseram (e que você - e Caio - disseram aí!), mudar não adianta, se num for a mudança de dentro. Se num for no nosso íntimo, no nosso não-exposto, no que só a gente sabe da gente. Pq é lá que moram as coisas importantes de verdade, pq é lá o motor de qualquer outra possível mudança!
    Então, mesmo com o prazo curto - pq sempre temos deadlines apertadíssimas pra decidir nossa vida - pense com o motorzinho aí, com o coração! E pense não no agora, não no futuro, não pense no tempo. Pensa no sentimento! =)
    :*

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    1. Obrigada pelas palavras, flor de maracujá. Você é fofa. Beijo!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Talvez, Nininha e Erika, tenha expressado de forma inconsciente um medo das mudanças. Mas isso não corresponde à realidade do que sinto. Não tenho medo, nào tento evitá-las. A crise é: como direcionar a mudança para que eu sempre seja o melhor de mim. Esse meu perfeccionismo às vezes é cruel, porque não me deixa contentar com o bom, o equilibrado. Precisa ser o melhor: a melhor decisão, o melhor caminho. Pura ilusão, sim, eu sei.

    Nininha, se, por um lado, eu concordo com sua ideia de que quanto mais consciência temos, mais as coisas nos incomodam (é difícil, duro e doído ter consciência; mais fácil é ser alienado. Fato.), por outro acredito que, no contexto que escrevi, "quanto mais sabemos o que somos e o que queremos, menos as coisas nos incomodam". Significa que os fatores externos nos influenciam menos, nos abalam menos. Fica mais fácil a decisão quando temos consciência do que queremos e do que somos. Pra mim, funciona assim; segura de mim, ainda que em fase de transição, os momentos parecem se inserir num contexto maior chamado vida; assim, fatos menos importantes perdem a relevância.

    De qualquer forma, obrigada pela gentil contribuição.

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