quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desabafo: não quero um emprego.



Não tenho dúvida de que as transformações trazem coisas boas. Sempre trazem. Outro dia, escrevi pro meu cliente uma frase e ele até usou em uma palestra: velhos caminhos levam aos mesmos lugares; se quiser chegar a lugares diferentes, é preciso trilhar novos caminhos. 

Mas, ainda assim,  as mudanças assustam. Usei a frase assim, de forma impessoal, mas é porque acredito que todos sentem essa insegurança ao fazer novas escolhas. Mas, pra não dizer que estou querendo ser a voz do povo, confesso: as mudanças me assutam. Freak me out. 

Têm sido assim meus últimos meses: frio na barriga, às vezes de empolgação e excitação, e às vezes de puro medo. Medo de dar errado, de ter que recomeçar, de fracassar. Um puta medo de fracassar.

Ser empresária foi uma escolha que fiz há muito tempo e coloquei em prática há quase 3 anos. Passei pela crise dos 2, que gerou até ruptura de sociedade, mas as coisas seguem bem, fluindo em um ritmo bom. Mas não é fácil. Recebo cobranças de todos os lados: pais, familiares, amigos. Na maioria das vezes, de forma indireta: "quando vai sair de casa?", "E aí, vai comprar outro carro?", "Quando vai montar o novo escritório?", "Já está ganhando dinheiro como esperava?"....

Ainda assim, como todos esses questionamentos, sinto que a cobrança mais dura e pesada vem de mim mesma. Essas perguntas que todos me fazem eventualmente, me faço todos os dias. Exijo muito de mim; quero ser independente, ganhar dinheiro, ser profissionalmente realizada; três coisinhas que parecem simples, mas que são difíceis pra caramba.

De vez em quando, ouço a pérola: "por que não arruma um emprego"? A pergunta vem com boas intenções, porque a ela sempre se segue um comentário elogioso: "você é ótima profissonal, muito boa no que faz, tenho certeza de que conseguiria um bom emprego e um salário satisfatório". E eu juro que penso nisso de vez em quando. Acontece que arrumar um emprego traz mais carga do que aparenta: representa o fracasso de um projeto pelo qual eu batalho há quase três anos e significa abrir mão daquilo que eu gosto mesmo de fazer.

Dilemas, dilemas. A vida é cheia deles. Por enquanto, sigo em frente. Não tão firme e nem tão forte, mas lutando. Contra o desânimo eventual, contra a inconstância de dinheiro, contra as dificuldades peculiares do meu negócio. Dizem que a gente, uma hora ou outra, colhe o que plantou. Assim espero.


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