quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ampulheta



Cada grão da ampulheta da minha vida parece representar uma dose de realidade que o tempo traz.
Uma realidade áspera e pálida como areia, que vai preenchendo sistematicamente meu coração.
O coração, sufocado, seca aos poucos, definha na falta de um pouco da brisa da passionalidade....



terça-feira, 10 de julho de 2012

Tudo novo de novo.

E, saindo de casa, descobri as dificuldades de morar sozinha.

E digo que o mais difícil não é o cuidado com cada cômodo da casa,
ou a preocupação com os horários que o lixeiro passa;
não é a roupa pra lavar ou as louças sujas na pia;
não é o chão sujo ou a poeira dos móveis;
não  é a cama pra arrumar ou o banheiro pra limpar;
não são os gastos cotidianos ou as compras do mês.

A parte difícil é cuidar de si mesmo;
vencer a preguiça e fazer a sua comida preferida;
sair pra correr quando o sofá chama e não há ninguém para cobrar atitude;
deixar tudo limpo e organizado ainda que ninguém veja, só a gente;
curtir o ócio quando não há nada para fazer ou ninguém para fazer companhia;
sofrer sozinha, sorrir sozinha, dormir sozinha.

Um aprendizado a cada dia.

E viva a nova vida!



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vida cotidiana

Dia calmo. Um suspiro, um gole de cerveja, conversa jogada fora com tempero de alho e cebola e algumas arestas. Nada que exigisse um pouco mais de cuidado. Daqueles momentos que, em silêncio e com calma, registra-se no campo dos sentimentos, mesmo que não se saiba os efeitos, as consequências ou mesmo a relevância. Vida cotidiana em sua máxima expressão, tão normal que assusta e tira a fala. Para onde foram as particularidades, as excentricidades? Tantas ideias, tantas vontades? Parece que se perderam em meio a tantas mudanças somadas a uma boa dose de realidade. Será a vida dando um tapa em minha cara?

E depois de uma ou outra risada em meio a cenas de uma vida que não é minha, páro e olho ao meu redor. Observo a sala, a cozinha. Tudo está diferente ou eu que mudei por dentro? Onde está aquela inquietude, onde está aquela ansiedade pelo novo, pelo intenso, pelo profundo? Ao contrário, anseio pela paz e por uma rotina recheada de coisas simples, como um sorriso inocente e palavras sinceras; como amor e café pela manhã.

Sem ter o que dizer e também sem querer dizer nada, vou lavar louças e penso nas coisas mais práticas da minha nova vida: na roupa pra lavar, na cama pra arrumar, nas compras a fazer...  em qualquer coisa que tire o foco da minha confusão emocional, com  a qual me deparei nesse dia calmo, um típico domingo em casa, na nova casa. Depois, uma despedida morna entre amigos que parecem não mais se conhecer, enquanto o coração insiste em pulsar a uns 600km de distância, e que acelera a cada toque do celular.

Agora, sozinha em casa, olho pela janela e vejo a meia lua cheia minguando, exibindo sua beleza. A louça foi lavada, a casa foi arrumada, tudo em seu devido lugar; até eu, que me sinto em casa pela primeira vez em 10 anos. Menos meu coração teimoso, que faz questão de deixar claro que não está satisfeito com a nova rotina e que não aceita paleativos. Ok, já isso eu já entendi: não adianta tapear o coração, negociar carinho e aconchego. Ele sabe o que quer. Já avisou minha cabeça, mas esta ainda não tomou providências, insistindo em colocar outros assuntos como prioridade. Até quando?


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Curtir e compartilhar.



Ouvi isso outro dia: a gente se casa (ou junta, ou namora) pela necessidade que temos de sermos notados, de termos ums testemunha de nossos feitos, alguém que se importe com o que somos e com o que fazemos. É, creio que seja verdade... as pessoas precisam ser percebidas e notadas neste mundo de culto às personalidades. Afinal, não sou ninguém se não sou percebido ou notado.

As redes sociais são indícios desse comportamento. O Instagram está cada vez mais bombado de imagens de um suco ou café no meio da tarde; algo que parecia despretencioso, alguém pode "curtir", aí torna-se interessante. A visão de uma árvore ou uma paisagem no meio da tarde não é mais coisa banal, vira foto artística. O bar e o restaurante parecem cada vez mais legais e mesmo a decoração da casa da avó, antes tão "batida", torna-se vintage, cool ou cult. Olha, e não tiro meu corpo fora: tenho meu perfil no Instagram.

Olhando com olhos mais brandos, menos críticos, diria que isso acontecem porque a felicidade só é legítima e plena se compartilhada. Que graça teria uma bela visão do mar, uma vista privilegiada dos Andes ou mesmo uma casa nas montanhas se não for pra compartilhar com os amigos, com os queridos, com os amados? Com cônjuges, namorados, amantes? Não sejamos tão duros conosco; cada comparilhamento que fazemos nas redes sociais não é sinal de futilidade absoluta ou de "falta do que fazer". Às vezes, pode indicar: isso me encanta tanto que quero que você também veja, vivencie. Ah, ser humano, ser social!

Tenho vivido ótimos momentos em minha nova vida, admirando belas paisagens, compartilhando-as também. Tem gente que curte, tem gente que critica. Mas... faço por mim. Quero multiplicar a felicidade de cada instante, dividindo-a com aqueles que me cercam. E eu adoro as coisas simples da vida; por que não compatilhá-las?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sentimentalidades

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional." 

(Carlos Drummond de Andrade)

Excessos

Tem dias que me embriago de mim mesma.
Hormônios, pensamentos, sentimentos, tudo ao mesmo tempo (agora?).
Vou em excedendo, me exaltando. E, por um instante, é uma delícia: diversão, risadas, euforia.

Sim, é bom extravazar de vez em quando.

Mas embriaguez é como droga, e tudo fica cinza no dia seguinte
E fico pensando: onde foi que me perdi?

Me embriago com meus próprios excessos e depois me sinto mal. Fico triste.
Culpa cristã? Ou apenas um chamado da consciência?



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ciclo da leitura: puro êxtase



Fico extasiada quando acabo de ler um bom livro.
Minha cabeça borbulha com mil ideias, as quais preciso compartilhar com alguém.
Compartilhando, me encanto novamente com boas conversas, com a troca de ideias e perspectivas.
Então, diante do novo, quero aprender e entender outros pontos de vista...
E vem a vontade de quero ler de novo!
O ciclo recomeça....

E quanto mais eu leio, mais quero ler.
Não me frustra ter a certeza de que muito pouco (ou nada) sei.
Ao contrário, me motiva... a ler, a conversar....

Gosto das pessoas que me ajudam a alimentar esses ciclos.
Que me estimulam e me ajudam a crescer ser uma pessoa melhor....



terça-feira, 15 de maio de 2012

Mudanças

E a vida vai mostrando
que novos caminhos,
mais do que oportunidades,
trazem pra gente
um novo eu.