"...E, então, viu-se o espetáculo inédito da gente do povo, homens com os sapatões da fábrica, mulheres com os filhos nos braços, estudantes em mangas de camisa, passeando tranqüilamente pela zona reservada e preciosa onde muito poucas vezes se tinham aventurado e onde eram estrangeiros. O clamor de seus cantos, os passos e o resplendor das tochas penetraram no interior das casas fechadas e silenciosas, onde tremiam os que tinham acabado por acreditar na sua própria campanha de terror e estavam convencidos de que a população ia despedaçá-los ou, na melhor das hipóteses, despojá-los dos bens e mandá-los para a Sibéria. Mas a multidão ululante não forçou nenhuma porta nem pisou os jardins impecáveis. Passou alegremente sem tocar nos veículos de luxo estacionados na rua, deu voltas pelas praças e parques que nunca tinha pisado, parou em frente das vitrinas comerciais, que brilhavam como no Natal e onde se ofereciam objetos que não se sabia sequer que uso tinham e seguiu o caminho aprazivelmente. Quando as colunas pararam em frente da sua casa, Alba saiu correndo e misturou-se com elas cantando a plenos pulmões. O povo entusiasmado desfilou toda a noite. Nas mansões, as garrafas de champanha ficaram fechadas, as lagostas amoleceram nas suas bandejas de prata e as tortas encheram-se de moscas..."
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