quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Fragmentos
Te vi em partes e, aos poucos, fui montando meu quebra-cabeças. O estranho é que algumas peças, por mais que parecessem se encaixar, não compunham o cenário; formavam uma imagem distorcida.
O todo nem sempre é apenas a soma das partes. Os fragmentos que juntei de você pelos sorrisos, palavras e atitudes não foram suficientes para se encaixarem com harmonia. Não por culpa sua, mas por culpa dos elementos que selecionei - alguns de outros jogos -, das conexões que fiz, das colas e linhas que usei para compor a paisagem. E confesso: usei também peças desenhadas, que pintei com as tintas das expectativas e das ilusões. Quis ver você perfeito no meu retrato, mas não foi possível. Nunca é, nunca será.
Me dei conta dos equívocos e então, com serenidade e com o filtro da tolerância, do respeito e do amor, fui remontando o quebra-cabeças, substituindo as partes que ali estavam por engano. Ainda que faltem algumas peças, já enxergo uma imagem muito mais real: de um ser humano com todas as forças e fraquezas que carrega, toda coragem e medo, qualidades e imperfeições. Uma pessoa livre para ser exatamente como quer ser, independente das minhas vontades.
Hoje olho pra você e sorrio.
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