Por: Thais Wadhy
Ele se foi.
Deixou pra trás a garrafa de vinho vazia
e as taças pela metade, abandonadas, interrompidas como a vida a dois.
Os pratos sujos, pratos limpos e as cartas na mesa.
O cheiro no travesseiro, o suor nos lençóis da cama,
as palavras no ar e o denso silêncio sobre a mesa da sala.
Deixou pra trás as certezas, um coração partido,
algumas lágrimas
e a descrença no futuro.
Ele se foi.
Levou consigo sorrisos e lembranças, mesmo sem saber pra que;
levou seu amor e sua vida para pra outro lugar...
e deixou pra trás uma história, muitos planos e sonhos infinitos.
Ele foi ser feliz.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Nada como uma boa noite de sono
E depois de achar que estava mal humorada, chata, deprimida e anti-social, descobri que (quase!) tudo era a falta de uma BOA noite de sono. Dormi o sono dos justos, acordei renovada e com a alegria que me faltava há alguns dias (meses?). Que delícia! Senti falta desse pedaço de mim, da Thais forte e positiva!
Lições desta quinta-feira:
A vida segue... ela urge. O tempo não pára, é inexorável.
Lições desta quinta-feira:
- A verdade dói, mas liberta. Uma constatação antiga, mas comprovada na prática.
- Nada como um dia após o outro e um sono agradável entre eles.
- Somos ainda mais fortes quando PRECISAMOS ser. Nada como a necessidade de segurar uma barra.
A vida segue... ela urge. O tempo não pára, é inexorável.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
A arrogância segundo os medíocres
Eu li esse texto hoje no blog AnsiaMente (link para o texto) e simplesmente AMEI. Por isso, compartilho com orgulho.O texto é de Carmen Guerreiro. Não a conheço, mas já gostei dela.
“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.
Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”.
Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos).
Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”.
Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem.
Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento.
Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!
Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante.
O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma:
Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito.
“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.
Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”.
Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos).
Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”.
Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem.
Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento.
Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!
Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante.
O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma:
- Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc.
- Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc.
- Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; INSOLÊNCIA: “…e atirou-lhe com arrogância o troco sobre o balcão.” (José de Alencar, A viuvinha))
- Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito: Suas arrogâncias ultrapassam todo limite.
Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Morro dos Ventos Uivantes
Acabei de ler o livro "O Morro dos Ventos Uivantes". Não sei se ainda tenho uma opinião formada sobre o livro. Foi escrito em torno de 1800, num outro contexto histórico, outra situação social e demográfica. Então, é preciso abstrair algumas coisas....
De maneira geral, é um livro que prende pelo suspense. É tanta maldade e situações injustas que a gente quer que tudo melhore, e continua lendo e lendo. Eu me angustiei junto com os personagens; quase pude sentir em mim as indignações, as dores da alma. Por isso, não é um livro "leve"; ele instiga e prende pelo pior, e não pela perspectiva de alegria e leveza.
O texto mostra um lado cruel do ser humano e como algumas relações podem ser doentias e degeneradas. Mostra também como muitas vezes somos influenciados pelo meio e que a é difícil florescer algo de bonito num terreno de ervas daninhas. Mas, quando tudo parece triste e a esperança parece estar morta junto com a paisagem de inverno, sempre algumas sutilezas - pitadas de beleza em meio ao horror e à angústia - dão um fôlego e renovam a alegria.
Não sei se indicaria... e não sei ainda que nota dar a esse livro....
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Conversa franca
Eu e minha mania de colocar algumas pessoas num lugar tão imaculado e especial que mal consigo conceber que a pessoa seja capaz de ser má, de ser babaca ou de errar. Me pergunto: o que é isso, Thais, senão um equívoco?
Não existe no ser humano a pureza absoluta. O ser humano é bom e mau, é incrível e desprezível ao mesmo tempo. Todos nós somos assim, anjos e demônios convivendo dentro de um só coração, às vezes alimentando um ou outro com atitudes, pensamentos e reações.
E esse lugar reservado que você, bonita, insiste em preservar para as pessoas que admira e reconhece como "diferenciadas" não é mais do que uma prisão sufocante, tanto para você quanto pra elas. Porque não existe quem seja capaz de atender tanta expectativa de "santidade" e de atitudes "sábias", mesmo que queira. E, cá pra nós, quem seria o louco de querer viver assim? E seria justo aprisionar alguém para viver em função de expectativas infundadas de comportamento exemplar? E os pensamentos do outro lado, como ficam? Todo mundo quer ser livre para ter suas próprias ações, pensamentos e sentimentos..... e viver conforme seus próprios princípios. E por acaso a senhorita é a dona da verdade e detentora da sabedoria secular?
E você, minha cara... o que ganha com isso? Diga-me que se sente bem e feliz e eu lhe deixo em paz. Mas sei que não. Sei que esse seu jeito só lhe causa náusea, raiva, sofrimento, decepção - com os outros e consigo mesma. Então.... abandone os velhos padrões de comportamento. Essa sua religião não vai levar você a lugar nenhum. Liberte-se e vá viver livre. Deixe os outros livres também, para serem exatamente aquilo que querem. E não espere de ninguém mais do que aquilo que lhe oferecem de livre e espontânea vontade.....
Não existe no ser humano a pureza absoluta. O ser humano é bom e mau, é incrível e desprezível ao mesmo tempo. Todos nós somos assim, anjos e demônios convivendo dentro de um só coração, às vezes alimentando um ou outro com atitudes, pensamentos e reações.
E esse lugar reservado que você, bonita, insiste em preservar para as pessoas que admira e reconhece como "diferenciadas" não é mais do que uma prisão sufocante, tanto para você quanto pra elas. Porque não existe quem seja capaz de atender tanta expectativa de "santidade" e de atitudes "sábias", mesmo que queira. E, cá pra nós, quem seria o louco de querer viver assim? E seria justo aprisionar alguém para viver em função de expectativas infundadas de comportamento exemplar? E os pensamentos do outro lado, como ficam? Todo mundo quer ser livre para ter suas próprias ações, pensamentos e sentimentos..... e viver conforme seus próprios princípios. E por acaso a senhorita é a dona da verdade e detentora da sabedoria secular?
E você, minha cara... o que ganha com isso? Diga-me que se sente bem e feliz e eu lhe deixo em paz. Mas sei que não. Sei que esse seu jeito só lhe causa náusea, raiva, sofrimento, decepção - com os outros e consigo mesma. Então.... abandone os velhos padrões de comportamento. Essa sua religião não vai levar você a lugar nenhum. Liberte-se e vá viver livre. Deixe os outros livres também, para serem exatamente aquilo que querem. E não espere de ninguém mais do que aquilo que lhe oferecem de livre e espontânea vontade.....
The weight of my worries
"A psychologist walked around a room while teaching stress management to an audience. As she raised a glass of water, everyone expected they'd be asked the "half empty or half full" question. Instead, with a smile on her face, she inquired: "How heavy is this glass of water?"
Answers called out ranged from 8 oz. to 20 oz.
She replied, "The absolute weight doesn't matter. It depends on how long I hold it. If I hold it for a minute, it's not a problem. If I hold it for an hour, I'll have an ache in my arm. If I hold it for a day, my arm will feel numb and paralyzed. In each case, the weight of the glass doesn't change, but the longer I hold it, the heavier it becomes." She continued, "The stresses and worries in life are like that glass of water. Think about them for a while and nothing happens. Think about them a bit longer and they begin to hurt. And if you think about them all day long, you will feel paralyzed – incapable of doing anything."
It’s important to remember to let go of your stresses. As early in the evening as you can, put all your burdens down. Don't carry them through the evening and into the night. Remember to put the glass down!"
sábado, 16 de fevereiro de 2013
E quando se tem insônia?
"Às vezes, é preciso dormir, dormir muito. Não para fugir, mas para descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe o quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente."
- Marla de Queiroz.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
A falta que faz.....
Por: Thais Wadhy
Lá estava ela, deitada no sofá a ler um livro qualquer. Não estava muito interessada, a leitura era uma espécie de passatempo para afastar o tédio e o cansaço que estava de si mesma e de seus pensamentos. Se pudesse, tiraria férias de sua subjetividade. Mas não podia; teria que se aguentar naqueles momentos de crise e de transformações. Então, utilizava de alguns artifícios, como a leitura.
Gostava de ler, principalmente livros que traziam algum tipo de reflexão sobre a vida, as pessoas, as formas de se relacionar com o mundo. Estes traziam pra ela nova perspectiva, era como um sopro de consciência. Mas não era o caso do que estava lendo. Não queria nada que provocasse ainda mais pensamentos e devanios. Queria tranquilidade, serenidade.
Era um dia preguiçoso, sem muitas expectativas. Um domingo morno, parado, o vento soprava tímido. O tempo parecia suspenso. Até que, em meio à leitura, o seu celular apita, avisando que uma mensagem havia chegado. Era ele: seu último amor, cujo término havia sido dolorido, triste, mal resolvido. A ruptura era um dos assuntos que ocupavam frequentemente seus pensamentos e lhe tiravam o sono. Nos últimos meses, vasculhava sua memória em busca do que havia feito de errado e em busca de respostas para a situação atual. O que havia acontecido com os dois? Por que...?
Com certo receio, pegou o celular e leu a mensagem; pensou se responderia. Eram frases banais, do dia-a-dia, nada de mais. Isso a deixou ainda mais intrigada, pois há tempos não tinham contato... e agora palavras assim, soltas? Será que já havia superado o trauma do término, que tudo já havia passado pra ele? Será que estava pronto para viver com ela uma amizade? ? Ela não sabia se estava pronta. Sentia a falta dele, mesmo que não assumisse com frequência, tentando sempre mudar o foco. Ficou olhando para o aparelho, lendo e relendo cada palavra escrita, tentando decifrar mistérios ocultos, encontrar recados nas entrelinhas. Nada.
Uma onda de melancolia invadiu seu coração. Tudo o que sentia veio à tona como um vulcão em erupção; uma avalanche de emoções que arrancaram qualquer barreira que ela porventura havia instalado em si mesma. Reviveu em sua mente por alguns momentos a relação acabada e sentiu em cada milímetro do corpo todas as misturas de sensações que lhe provocava; queria tanto poder falar com ele o quanto sentia pelo término.... Se imaginava dizendo....
Sinto falta dos seus beijos doces e apaixonados, da sua mão de longos dedos envolvendo a minha cintura por baixo da blusa; do toque despretensioso em minhas coxas; do seu cheiro envolvente ao me abraçar. Do jeito intenso de fazermos amor com o corpo e com a alma, das horas intermináveis de brincadeiras na cama. Das declarações de amor eterno e das trilhas sonoras que pareciam ter sido compostas pra gente. Da minha cabeça deitada em seu peito, do seu jeito sem graça de rir das minhas cutucadas. Dos planos, dos projetos, da vida a dois, dos desejos e sonhos. Do silêncio que tudo dizia entre nós, dos olhares confortantes e compreensivos, das longas e agradáveis conversas antes de dormir, do nosso jeito moleque e brincalhão. Da nossa maneira peculiar de trocar ideias, falar sobre a vida e compreender nosso lugar junto no universo. De poder ligar a qualquer hora do dia ou da noite para ouvir palavras de conforto e carinho. De ter com quem contar nas horas incertas e nos momentos de insegurança. Do seu jeito de me envolver em seus braços e me apertar forte, das noites mal dormidas assistindo filmes e DVD's. Das contradições, que sempre me fizeram amadurecer e ser uma pessoa melhor a cada dia; aliás, sinto falta do seu jeito de me fazer querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Do seu jeito carinhoso de falar comigo e das frases arrogantes ditas de brincadeira. Das mensagens fora de hora, das fotos trocadas, do seu sorriso e da sua gargalhada. Do seu jeito tímido e às vezes ranzinza, dos poucos momentos extrovertidos nos quais pouco lhe reconhecia. Das viagens e dos planos de viagens, de caminhar de mãos dadas. Do seu jeito peculiar de me acolher e confortar. Das experiências vividas, das recordações e do que poderia ter sido. Sinto falta até da saudade... que hoje nem é mais saudade, só ausência.....
E então, esgotada, chorou.
Lá estava ela, deitada no sofá a ler um livro qualquer. Não estava muito interessada, a leitura era uma espécie de passatempo para afastar o tédio e o cansaço que estava de si mesma e de seus pensamentos. Se pudesse, tiraria férias de sua subjetividade. Mas não podia; teria que se aguentar naqueles momentos de crise e de transformações. Então, utilizava de alguns artifícios, como a leitura.
Gostava de ler, principalmente livros que traziam algum tipo de reflexão sobre a vida, as pessoas, as formas de se relacionar com o mundo. Estes traziam pra ela nova perspectiva, era como um sopro de consciência. Mas não era o caso do que estava lendo. Não queria nada que provocasse ainda mais pensamentos e devanios. Queria tranquilidade, serenidade.
Era um dia preguiçoso, sem muitas expectativas. Um domingo morno, parado, o vento soprava tímido. O tempo parecia suspenso. Até que, em meio à leitura, o seu celular apita, avisando que uma mensagem havia chegado. Era ele: seu último amor, cujo término havia sido dolorido, triste, mal resolvido. A ruptura era um dos assuntos que ocupavam frequentemente seus pensamentos e lhe tiravam o sono. Nos últimos meses, vasculhava sua memória em busca do que havia feito de errado e em busca de respostas para a situação atual. O que havia acontecido com os dois? Por que...?
Com certo receio, pegou o celular e leu a mensagem; pensou se responderia. Eram frases banais, do dia-a-dia, nada de mais. Isso a deixou ainda mais intrigada, pois há tempos não tinham contato... e agora palavras assim, soltas? Será que já havia superado o trauma do término, que tudo já havia passado pra ele? Será que estava pronto para viver com ela uma amizade? ? Ela não sabia se estava pronta. Sentia a falta dele, mesmo que não assumisse com frequência, tentando sempre mudar o foco. Ficou olhando para o aparelho, lendo e relendo cada palavra escrita, tentando decifrar mistérios ocultos, encontrar recados nas entrelinhas. Nada.
Uma onda de melancolia invadiu seu coração. Tudo o que sentia veio à tona como um vulcão em erupção; uma avalanche de emoções que arrancaram qualquer barreira que ela porventura havia instalado em si mesma. Reviveu em sua mente por alguns momentos a relação acabada e sentiu em cada milímetro do corpo todas as misturas de sensações que lhe provocava; queria tanto poder falar com ele o quanto sentia pelo término.... Se imaginava dizendo....
Sinto falta dos seus beijos doces e apaixonados, da sua mão de longos dedos envolvendo a minha cintura por baixo da blusa; do toque despretensioso em minhas coxas; do seu cheiro envolvente ao me abraçar. Do jeito intenso de fazermos amor com o corpo e com a alma, das horas intermináveis de brincadeiras na cama. Das declarações de amor eterno e das trilhas sonoras que pareciam ter sido compostas pra gente. Da minha cabeça deitada em seu peito, do seu jeito sem graça de rir das minhas cutucadas. Dos planos, dos projetos, da vida a dois, dos desejos e sonhos. Do silêncio que tudo dizia entre nós, dos olhares confortantes e compreensivos, das longas e agradáveis conversas antes de dormir, do nosso jeito moleque e brincalhão. Da nossa maneira peculiar de trocar ideias, falar sobre a vida e compreender nosso lugar junto no universo. De poder ligar a qualquer hora do dia ou da noite para ouvir palavras de conforto e carinho. De ter com quem contar nas horas incertas e nos momentos de insegurança. Do seu jeito de me envolver em seus braços e me apertar forte, das noites mal dormidas assistindo filmes e DVD's. Das contradições, que sempre me fizeram amadurecer e ser uma pessoa melhor a cada dia; aliás, sinto falta do seu jeito de me fazer querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Do seu jeito carinhoso de falar comigo e das frases arrogantes ditas de brincadeira. Das mensagens fora de hora, das fotos trocadas, do seu sorriso e da sua gargalhada. Do seu jeito tímido e às vezes ranzinza, dos poucos momentos extrovertidos nos quais pouco lhe reconhecia. Das viagens e dos planos de viagens, de caminhar de mãos dadas. Do seu jeito peculiar de me acolher e confortar. Das experiências vividas, das recordações e do que poderia ter sido. Sinto falta até da saudade... que hoje nem é mais saudade, só ausência.....
E então, esgotada, chorou.
I do
E a vontade de conhecer o mundo está cada vez mais forte. Espírito livre. Quero conhecer o mundo, novas pessoas, coisas diferentes. Me redescobrir, conhecendo outros mundos e outras perspectivas. A vida é curta demais pra gente nascar e morrer no mesmo lugar.
domingo, 3 de fevereiro de 2013
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Conversa de adulto
- Obrigada por me convidar, a gente precisava mesmo conversar. Me dá um copo d’água?
- Água? Sim, claro, vou buscar! Mas sente-se e fique quieto porque hoje tenho muita coisa para lhe falar... porque pensei tanto, tanto..... e me preparei para falar, porque eu nunca consigo dizer o que eu realmente quero em essência... sou sempre tão prática e atrapalhada.... digo umas coisas pensando em outras..... por isso gosto de escrever, porque consigo estruturar melhor as ideias e....
- Valeu. Legal as mudanças que fez por aqui.
- É... Que bom que notou, algumas foram feitas pensando em você. Eu me sinto melhor quando mudo o ambiente de forma a refletir o que eu sinto e penso. Será que está triste demais? Coloquei enfeites coloridos para disfarçar...
- Sua água! mas... não vamos desviar, por favor... eu tenho tanta, tanta coisa para lhe dizer..... não sei por onde começo... *suspiro*....
- Não sei por onde começo.
- Comece pelo essencial. O que você quer conversar?
- Senti sua falta. Queria conversar sobre a gente.
- Também senti. Pode falar....
- É que.... já não cabe dentro de mim tanto sentimento contido, não vivido, trancado. Incrível a capacidade dos sentimentos de nos sufocar; é como se eu estivesse imersa em águas turvas: não enxergo, me falta o ar ou mesmo um sopro de brisa. Perdi a leveza e a fluidez. É dura a dor de um amor não esgotado, um amor interrompido. O que restou dele está trancado dentro de mim e, apesar de sua pureza, já não serve para nada: “tornar o amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém...”. E já que não pode ser mais seu, o que EU vou fazer com ele? E o que fazer com aquilo que não foi vivido com intensidade e plenitude? O que fazer com o estoque de sonhos e desejos, com projetos não realizados, planos não concretizados?
- Diga, estou esperando....
- Desculpe, estou organizando meus pensamentos para dizer.... bom.... Queria que fosse possível abandonar resquícios, os restos desse amor que um dia transbordou e foi maior que o mundo. Mas não, eles estão aqui guardados e não consigo deixá-los, porque são grandes e fortes demais para serem abandonados, ignorados, largados de lado. Eles ficam aqui dentro de mim, como uma vontade reprimida, um “pra sempre” que não quer acabar. É demais querer ser feliz? Não, não é apego, meu amor. Também não é a incapacidade de dar a volta por cima. Eu poderia. Mas é que, com o coração partido e o espírito derrotado, não tenho forças para seguir em frente sozinha, nem para fazer outros planos, porque para isso preciso repensar e reinventar toda a minha vida. Porque você ainda está em todos os planos que tenho, em todas as minhas vontades, desejos e aspirações. Você está em tudo o que eu sempre quis pra minha vida. Você é parte do sonho....
- Vai ficar assim, em silêncio?
- Não, não... é que estou buscando uma forma de dizer o que sinto....
- Está com a expressão de angústia.
- Estou? Não são os “se’s” que pesam, é a vida que parece não ter mais sentido se você não está lá, em tudo que vislumbro pro futuro. Você não é um acréscimo no plano da minha vida, você é o coração do plano. O que ser sem você estar lá? Ainda não sei desenhar essa perspectiva....Dizem que casa é onde o coração da gente está. Esse meu coração atrevido, que não sai de você, está me fazendo pagar caro demais pelo aluguel. Com você, ele se sente em paz, e eu me sinto plena e compreendida. Me sinto em equilíbrio comigo mesma e com o mundo. E agora você não está mais aqui.... Era pra ser uma história linda de final feliz, meu amor... como novela que, após os percalços, tudo se ajeita. Mas a vida não é ficção. Será que algumas pessoas não têm aptidão para tanta felicidade?
- Será que algumas pessoas não têm aptidão para tanta felicidade?
- Como assim? Está doida?
- Sei lá, a gente.... a gente era feliz. Eu sinto sua falta, sabe.
- Sei.... também sinto. Mas não estou entendendo aonde quer chegar.
- Bom, como dizer isso? Nosso amor era bonito, meu bem. Juntos éramos imbatíveis e tínhamos todos os sonhos do mundo. Alcançaríamos o paraíso trilhando juntos as estradas, de mãos dadas. E nem mesmo precisava de destino final, bastava o prazer de caminhar lado a lado. Viver cada dia com plenitude, amor e simplicidade. Viver a vida, isso fica martelando ainda na minha cabeça... viver a vida... viver a vida....
- Viver a vida. A gente queria viver junto.... e agora estamos separados.
- Mas você não quis mais, disse que estava confusa e queria terminar.
- Eu sei... mas eu sinto sua falta. Eu queria que a gente conversasse e buscasse uma saída. Eu não quero viver sem você.... Ah, meu amor, às vezes fecho os olhos e volto nessa época. O êxtase do encontro, do reencontro. Cada mensagem, cada palavra, cada encontro era pleno em si. O mundo poderia acabar que seríamos felizes... até que o que acabou mesmo foi o que tornava tudo mais colorido: nosso relacionamento. Quando foi que começamos a correr demais na estrada da vida? Quando foi que, confesso, não pude mais acompanhar seu ritmo; que soltamos nossas mãos e passamos a caminhar sozinhos, mesmo pertos um do outro? Quando foi que nos afastamos?
- Eu sofri demais com tudo isso, você sabe. Muita água passou por debaixo da ponte....
- Eu sei, por isso te chamei pra você vir aqui e a gente conversar.... pra esclarecer alguns pontos. Eu errei com você, eu sei..... mas... foram as circunstâncias.... eu não sabia como agir e.... Eu me perdi. Eu, que sou racional e preciso sempre compreender as coisas e controlá-las, perdi o controle; fiquei confusa em meio a tantas mudanças. Surtei por não me permiti perder as rédeas e as estribeiras, ficar vulnerável e exposta; deveria entender que não há problema nisso quando temos alguém para nos amparar, como você sempre fez. Afinal, as relações também são para isso, não é?
- ...e pisei na bola.
- Olha, eu entendo, mas eu conheci outra pessoa.....
- É? *Suspiros*. A vida prega peças na gente, meu amor. Achei que o mundo fosse parar para eu ajustar as idéias e consertar as feridas do coração. Mas ele não pára. A vida segue, ela urge. E então, você cansou de esperar por mim ao longo dos caminhos tortuosos e decidiu seguir por outra direção; optou por abandonar os planos e os projetos nos quais depositamos expectativas e vontades. Nada mais justo quando parecia que eu os havia abandonado primeiro.... Mas não, não foi abandono. Eu demorei, mas reencontrei novamente a trilha da minha vida, reencontrei aquela onde estão as coisas essenciais, especiais, bonitas e humanas; aquela na qual você estava, sempre esteve e da qual eu havia me desviado. Tarde demais? Parece que sim, porque você já não está mais nesse lugar, já tomou outro rumo....
- Sim...
- E então, o que faremos? Vai continuar com essa pessoa que conheceu? Me pergunto novamente, meu amor, o que faço com tudo que restou? O que fazer com o estoque de sonhos e desejos? Com projetos não realizados, planos não concretizados? O que fazer da minha vida se você permeia toda ela, não só no passado, mas principalmente no futuro? O que fazer se ainda não vislumbro um caminho no qual você não esteja? São infinitos os questionamentos. Há dias esperando por mim, eu sei, mas não os enxergo. Não os desejo, nem os almejo. A visão é turva e me sinto presa, incapaz de dar um passo a frente. Como se esperasse, em vão, o seu resgate. Digo “em vão” porque sei que nossas escolhas tem propósitos e consequências, e tenho a certeza de que tomou sua decisão ciente disso. Então, o que me resta? Não sei o que me resta....
- Acho que o que está feito, está feito. A decisão já foi tomada. É isso....
- Mas você não gosta mais de mim? E tudo que vivemos? Você vai largar? E a nossa história, e os anos de cumplicidade e companheirismo? Não faça isso, meu amor, não faça isso...
- Gosto, mas muita coisa mudou....
- Então cada um segue seu rumo? Me questiono se devo lutar por você ou aceitar a mão cruel do destino. Sei que a nossa subjetividade é fluida e que tudo é questão de tempo. Que, em breve, provavelmente estaremos os dois em cantos distintos buscando construir a vida e a felicidade, talvez até mesmo nos moldes que um dia fizemos juntos... mas estaremos separados! Então essa alternativa é uma abstração que ainda não consigo conceber..... eu não quero....
- Sim, é o melhor a fazer agora. A vida segue....
- Assim? Disse que lhe faria confissões de adolescente e estamos mantendo essa civilizada conversa de adultos! E eu nem consegui escancarar meu coração! Queria dizer “eu assumo!”....
-*Suspiros*
- É, talvez você tenha razão.... Eu assumo que sofro absolutamente por não ter você ao meu lado. Isso é muito juvenil? Sofrer assim? Sofro por não me recuperado antes de tanta tragédia emocional e por você não ter tido um pouco mais de paciência para me esperar; sofro pelos encontros e desencontros, pelas palavras não ditas nos momentos certos (e foram muitas) e por não ter me permito ser adolescente antes, quando ainda estava em tempo. Não quero abrir mão de você, espere....
- Bom, vou indo. Boa noite....
- Já? Espere, meu amor, não vá. Quero lhe dizer tanta coisa.... eu queria falar tudo que ainda está preso aqui dentro e ouvir tudo o que você pensa e sente sobre isso tudo... se abra comigo! Conte-me suas mágoas, seus receios, suas angústias. Fique, vamos tentar reconstruir o que se perdeu. Não vá... por favor, não vá.
- Sim, acho que já dissemos tudo. Você está calada hoje. A não ser que tenha algo mais a dizer....
- Bom, acho que...... Calada? Como, calada? Por dentro, grito sentimentos e emoções. Mas tem um nó na garganta que me impede de falar. Ah, meu amor, espero que você esteja feliz, que tenha valido a pena mudar de percurso. Ou espero que, se não, reconheça e também procure outros caminhos, procure se reinventar. Quem sabe nessas buscas a gente não se encontra novamente? O mundo dá voltas.... e eu te quero tanto! Será que você ainda gosta de mim? Será que deixou de me amar? Queria tanto um abraço seu, um beijo....fique mais um pouco e eu vou dizer tudo que está na minha cabeça e no meu coração, prometo....
- .... acho que não.... Acho que dissemos tudo....
- Fique bem.
- Boa noite e cuide-se. Meu amor....
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Sobre o livro "A conspiração franciscana"
O livro de John Sack é cansativo e, apesar de algumas passagens interessantes, não chega a ser bom. Parece uma cópia do estilo Dan Brown (Código da Vinci, Anjos e Demônios), mas não com a mesma capacidade de prender o leitor ou de provocar reflexões acerca do tema.
Em alguns trechos, o autor me ganhou pela forma como descreveu as cenas, transmitindo emoção. Em outras, foi detalhista e enfadonho. E acho que cenas primordiais faltaram uma descrição mais tocante.
Enfim.... um livro longo que se torna ainda mais longo no decorrer da leitura. De 1 a 5, nota 2.
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