"Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando à pé pra casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?
Eu não amei aquele cara.
Eu tenho certeza que não.
Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor, era uma sorte.
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, eram dois travesseiros.
Não era amor, eram dois celulares desligados.
Não era amor, era de tarde.
Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.
Não era amor. Era melhor."
Acho que não tenho o direito de comentar esse texto, mas... Li três vezes por sinal e, embora tomado por uma melancolia que não consigo nem quero explicar, o título e o final me fizeram um pouco mais feliz...Obrigado
ResponderExcluirEsse texto é perfeito. Eu esqueci de colocar o autor... imperdoável! É de Martha Medeiros. Assistiu o "Divã"? A Lilian Cabral recita esses versos de maneira inexplicavelmente linda e cheia de sentimentos.
ResponderExcluircai no seu blog por acaso, parabéns...blog lindo!...estou te seguindo...bjos
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