segunda-feira, 29 de junho de 2015

Cânion



Corre em mim, por entre as rochas duras, resistentes e majestosas,
um rio de sentimentos, pensamentos e percepções.
Ele segue seu curso com força e fluidez.

Não é fácil chegar até ele;
para se refrescar ou se deleitar em suas águas claras,
é preciso escalar as paredes do cânion.
Requer força, vontade, coragem!
Uma espécie de seleção natural:
os perrengues desanimam os desinteressados
ou aqueles que se contentam com relações superficiais.

Às vezes, em circunstâncias de chuva forte
ou de obstrução do fluxo,
este rio enche demais.
Quase me afogo em palavras não ditas,
nos sentimentos aprisionados,
em choro contido.

Para essas ocasiões, tenho aprendido a nadar...
respirar, bater pernas, usar os braços.
E quando a correnteza é forte demais,
me deixo levar pelo fluxo, enfrentando o pavor de ser levada.
Melhor do que se agarrar a velhos galhos ou troncos apodrecidos.



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