"O amor é doce, mas quando ele se vai (...) não existe sabor mais amargo ou dor mais profunda. Parece que nunca vai passar, que a dor nunca cessa. Até que a gente aprende que tudo faz parte de um ciclo."
Entender essas fases da vida talvez faça com que a angústia fique mais suportável; ou então que fiquemos mais fortes por causa do tal "impulso vital", que Caio Fernando Abreu descreveu: "Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca"."
A questão é que não importa o qual conscientes estamos sobre o ciclo do fim de uma relação: temos que lidar com todas as etapas, do começo ao fim. Juntar os cacos do coração, aceitar a dor, lidar com a tristeza, recompor-se.
Diria que a primeira etapa é aquela das insônias, em que a gente passa o filme da relação e dos diálogos na cabeça, procurando erros e acertos. Ficamos com raiva, nos sentimos culpados... pouca coisa faz sentido. Cansados, passamos para a fase dos sonos pesados, que acordamos ainda com a sensação de não termos dormido nada.
Cafés amargos para acordar e enfrentar o dia, ou uma corrida matinal para ativar as endorfinas. Trabalho, muito trabalho. Aí a gente chega em casa e bate o vazio, a saudade, a raiva e a vontade de ligar... de perguntar se a pessoa já tem alguém. "Tenho certeza que sim", pensamos. Dói.
Tem a etapa de introspecção: lemos livros, escutamos música, queremos ficar e ficamos mais sozinhos. Sair e conhecer pessoas é a última coisa que queremos fazer, porque ninguém parece ser tão interessante, ninguém parece mexer com a gente da mesma forma. Até que a gente se rende (por "impulso vital" ou por pressão) e começa a sair com os amigos, conhecer pessoas, compartilhar sorrisos. Não é que faz bem?
É durante esses momentos que entendemos melhor o sentido de "nada como um dia após o outro", principalmente se esses dias forem cheios de vida e cheios daquilo que nos faz bem. A dor começa a ficar menor. E, aos poucos, a gente vai se permitindo. Até que a gente começa a entender a relação como parte do passado. E nos libertamos, enfim.
Não há como fugir da dor; ela é inevitável. Não há como não sentir angústia ou tristeza, a não ser que não tenha amado de fato. Tudo isso faz parte. Enfrentar essas etapas nos permite ficar inteiros novamente para começar de novo, para acreditar de novo. E se fosse pra dar um conselho, diria: concentre-se em si mesmo. Construa-se, compreenda-se, faça as coisas que enchem seu coração de alegria. Se não sabe o que te alegra, olhe pra dentro e procure se conhecer melhor. Isso é um poderoso remédio. Ah, e atividades físicas. Se as pessoas soubessem o poder que elas têm de nos deixar melhor, mais confiantes e felizes......
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