Verdade seja dita:
eu nunca deixei você doer dentro de mim.
Seu espaço imaculado foi preservado a todo custo, pois era puro demais para ter contato com mazelas e enfermidades que você mesmo criou em meu coração. Odiei situações, odiei pessoas, culpei o mundo e a mim mesma, mas você permeneceu intocada, intocável.
Às vezes, penso se ainda é preciso cutucar a ferida e deixá-la sangrar, para sentir toda a dor e frustração que nunca me permiti sentir. Seria essa a melhor forma de purificar o que, em dias frios, ainda lateja? Talvez não; talvez eu preciso de um exercício básico de desapego, de deixar ir. A vida segue, e seguiu; então, pra que olhar tanto pra trás?
Let it go, let it be.